As redes blockchain foram concebidas originalmente como sistemas sem confiança, onde mineradores e validadores atuavam como árbitros neutros na ordenação de transações, recompensados principalmente por meio de subsídios de bloco e taxas de gás por seu papel na segurança da rede. Este princípio fundamental de imparcialidade foi fundamentalmente transformado com o surgimento do Maximal Extractable Value (MEV), que remodela as estruturas de incentivo que sustentam os ecossistemas descentralizados.
MEV representa uma mudança de paradigma na economia blockchain, transformando validadores de processadores de transações passivos em atores financeiros sofisticados que manipulam estrategicamente as sequências de transações para extrair lucro adicional. Esta evolução deu origem a uma economia paralela complexa, estimada em mais de $675 milhões somente no Ethereum desde 2020, de acordo com pesquisas da Flashbots, com projeções sugerindo que a extração anual de MEV pode alcançar bilhões à medida que a adoção de finanças descentralizadas (DeFi) cresce.
Originalmente concebido como "Miner Extractable Value" durante a era de prova de trabalho do Ethereum, MEV refere-se a lucros que os mineradores poderiam ganhar ao reordenar, inserir ou censurar transações deliberadamente dentro dos blocos que produzem. Após a transição do Ethereum para prova de participação em setembro de 2022, o termo evoluiu para "Maximal Extractable Value", refletindo as oportunidades ampliadas para validadores e "buscadores" especializados extraírem valor explorando dependências transacionais em todo o ecossistema.
Esta transformação tem implicações fundamentais para a promessa de neutralidade da blockchain. A produção de blocos, antes vista como uma função técnica focada na segurança da rede, evoluiu para um jogo de engenharia financeira sofisticado, onde os participantes empregam algoritmos avançados, infraestrutura de alto desempenho e análises de mercado complexas para identificar e capitalizar oportunidades de arbitragem fugazes, eventos de liquidação e ineficiências de protocolo. Como o pesquisador da Universidade de Illinois Ari Juels observou em seu artigo de 2019 que primeiro definiu o MEV, "As criptomoedas que aspiram a servir como plataformas financeiras justas e abertas devem levar em conta os incentivos inerentes que os participantes têm para ganhar ao alterar a ordem de processamento das transações."
O crescimento do MEV está intimamente ligado à expansão do DeFi desde 2020. As interações complexas de contratos inteligentes que alimentam plataformas de empréstimos, exchanges descentralizadas e protocolos de derivativos criaram um terreno fértil para a extração de valor por meio da ordenação estratégica de transações. Este fenômeno levanta questões fundamentais sobre a capacidade da blockchain de cumprir sua promessa de acesso democrático, enquanto sofisticados extratores de MEV consistentemente ganham vantagens sobre os usuários regulares por meio de vantagens técnicas e de capital.
Compreendendo a Mecânica do MEV: Do Conceito à Execução
Na sua essência, a exploração do MEV deriva da natureza não atômica do processamento de transações em blockchain. Ao contrário dos mercados financeiros tradicionais, onde as transações são liquidadas instantaneamente, as transações em blockchain passam por um processo de duas fases: primeiro entram em um mempool (pool de memória) de transações pendentes e, em seguida, são selecionadas e ordenadas por validadores em blocos finalizados. Esta lacuna temporal - tipicamente de 12 segundos no Ethereum e variável em outras cadeias - cria assimetrias informacionais exploráveis e oportunidades de ordenação.
Este processo de produção de blocos transforma validadores de processadores de transações passivos em participantes ativos do mercado, que podem extrair valor por meio de vários mecanismos:
Estratégias de Ordenação de Transações
A estratégia de MEV mais direta envolve reordenar transações em benefício do validador. Por exemplo, quando uma grande negociação está pendente no mempool e moverá significativamente o preço de um ativo, os validadores podem inserir sua própria transação antes (front-running), depois (back-running) ou ambas (ataques sandwich). Dados de serviços de monitoramento de MEV, como o MEV-Explore, indicam que essas estratégias de ordenação representam aproximadamente 70% de toda a atividade de MEV detectada.
Um exemplo concreto torna isso claro: em julho de 2023, quando um trader tentou comprar $500.000 em tokens GMX no Uniswap, um bot MEV detectou a transação pendente e executou um ataque sandwich. O bot primeiro comprou $150.000 de GMX, elevando o preço, depois permitiu que a transação da vítima fosse executada a um preço mais alto e, finalmente, vendeu sua posição - ganhando $7.500 de lucro em uma única transação, enquanto custava ao trader original 1,5% a mais em sua compra.
Oportunidades de Arbitragem
Discrepâncias de preços para o mesmo ativo em diferentes protocolos criam oportunidades naturais de arbitragem. Bots MEV monitoram continuamente os preços em exchanges descentralizadas como Uniswap, SushiSwap e Curve, executando negociações que capitalizam desequilíbrios momentâneos. Essas transações de arbitragem ajudam os mercados a manter a consistência de preços, mas extraem valor que, de outra forma, beneficiaria traders regulares.
Bots de arbitragem sofisticados empregam algoritmos de roteamento complexos para maximizar o lucro, encadeando múltiplas negociações através de diferentes protocolos. Por exemplo, um bot pode detectar que ETH está subvalorizado no Uniswap em relação ao Balancer, executar uma compra no Uniswap e, em seguida, vender imediatamente no Balancer - tudo dentro de um único bloco de transações. Essa execução atômica elimina o risco de movimentos de mercado entre as negociações, permitindo a extração de lucro sem riscos.
De acordo com dados da Flashbots, atividades de MEV em arbitragem representam aproximadamente 65-75% de todo o valor extraível na Ethereum, com a extração diária frequentemente ultrapassando $1 milhão durante períodos de mercado volátil. Essas oportunidades de arbitragem são particularmente pronunciadas durante a turbulência do mercado, à medida que os mecanismos de descoberta de preços em diferentes protocolos se dessincronizam temporariamente.
Mecanismos de Liquidação
Protocolos de empréstimo como Aave, Compound e MakerDAO mantêm a solvência liquidando posições subcolateralizadas. Quando o valor da garantia de um mutuário cai abaixo do limite necessário, sua posição se torna elegível para liquidação, criando uma oportunidade de MEV. Bots de liquidação especializados competem para executar essas transações primeiro, ganhando a taxa de liquidação (tipicamente 5-10% da garantia liquidada) como compensação.
Este processo tem impactos quantificáveis: durante o evento de desvalorização do USDC em março de 2023, bots MEV liquidaram mais de $250 milhões em posições em questão de horas, ganhando aproximadamente $15 milhões em taxas de liquidação. Essas liquidações ocorreram com taxas de transação atingindo até 200 gwei (em comparação com a média de 30 gwei), demonstrando como validadores priorizam essas transações lucrativas em detrimento da atividade normal dos usuários.
A mecânica de MEV por liquidação é particularmente evidente neste exemplo do mundo real de maio de 2023: um mutuário no Aave havia colateralizado 100 ETH (valendo aproximadamente $180.000 na época) contra um empréstimo de $120.000 em USDC. Когда os preços do ETH caíram abaixo de $1.800, a posição se tornou elegível para liquidação. Um bot MEV identificou esta oportunidade, pagou $60.000 do empréstimo (metade da posição) e reivindicou 50 ETH como garantia - aplicando a penalidade de liquidação de 10%. Após os custos de gás de aproximadamente $600, o liquidante obteve cerca de $5.400 de lucro em uma única transação.
Provisão de Liquidez Just-in-Time (JIT)
Uma estratégia de MEV mais sofisticada envolve fornecer liquidez imediatamente antes de uma grande troca e removê-la logo depois. Esta abordagem, chamada de provisão de liquidez JIT, permite que os extratores de MEV capturem taxas de negociação sem exposição à perda impermanente. Ao adicionar liquidez precisamente quando necessário, esses atores capturam valor que, de outra forma, beneficiaria os provedores de liquidez de longo prazo.
Dados da Flashbots revelam que a liquidez JIT representa aproximadamente 10-15% de toda a extração de MEV, com atividade particularmente alta no Uniswap v3 e outros protocolos de liquidez concentrada. O mecanismo é tecnicamente complexo, mas altamente lucrativo, com alguns grandes provedores de liquidez JIT ganhando mais de $50.000 diariamente durante períodos de alta volatilidade do mercado.
Impacto de Mercado e Dinâmicas de DeFi: Eficiência vs. Justiça
O impacto da extração de MEV nas dinâmicas de mercado apresenta uma tensão fundamental entre eficiência e justiça nas finanças descentralizadas. Desde a provisão de liquidez até a governança dos protocolos, o MEV transformou quase todos os aspectos da funcionalidade de DeFi.
Eficiência de Mercado e Efeitos de Liquidez
A arbitragem impulsionada por MEV indiscutivelmente melhora a eficiência de preços nos protocolos DeFi. Ao explorar rapidamente as discrepâncias de preços, bots de arbitragem garantem que os ativos mantenham uma valorização consistente em exchanges descentralizadas. Pesquisas da empresa de análise blockchain Chainalysis indicam que desvios de preços entre as principais DEXs tipicamente persistem por menos de 15 segundos - em comparação com minutos ou horas no ecossistema inicial de DeFi - diretamente atribuíveis às atividades de arbitragem do MEV.
No entanto, essa eficiência vem com custos significativos para usuários regulares. A extração de MEV funciona efetivamente como um imposto invisível nas transações de DeFi, com estimativas sugerindo que os usuários perdem entre 0,5% e 1% do valor das transações devido a ataques sandwich e outras estratégias extrativas. Este custo é particularmente oneroso para traders de varejo, que carecem das capacidades técnicas para se proteger por meio de canais de transações privadas ou algoritmos de roteamento avançados.
Paradoxalmente, o MEV pode tanto melhorar quanto prejudicar a liquidez. A atividade de arbitragem mantém o alinhamento de preços entre os mercados, melhorando a eficiência do capital. Por outro lado, a ameaça de ataques sandwich desestimula grandes negociações em mempools públicos, fragmentando a liquidez em canais de transações privadas. Esta fragmentação acelerou o desenvolvimento de mecanismos de negociação alternativos, como Cowswap e outros protocolos de exchange resistentes ao MEV que utilizam leilões em lotes ou solvers off-chain para mitigar os riscos de extração.
Economia do Validador e
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Contento: Pressões de Centralização
A emergência do MEV alterou fundamentalmente os incentivos econômicos para os produtores de blocos. Antes do conhecimento sobre MEV, os validadores ganhavam principalmente com recompensas de bloco e taxas de transação. Hoje, a extração de MEV constitui uma parte significativa da economia dos validadores, com dados da indústria sugerindo que os principais validadores da Ethereum derivam 40-60% de sua receita total de atividades relacionadas ao MEV.
Essa mudança intensificou a paisagem competitiva para os validadores, com implicações significativas para a descentralização da rede. Como a extração de MEV requer uma infraestrutura técnica sofisticada e conhecimento especializado, as vantagens se acumulam para operadores maiores e melhor capitalizados. A especialização resultante levou a uma crescente concentração no ecossistema de validadores, com os 10 principais validadores da Ethereum produzindo consistentemente mais de 85% dos blocos contendo extração significativa de MEV, de acordo com dados de 2023 da Rated Network.
A economia é convincente: Um estudo da Fundação Ethereum descobriu que validadores com capacidades otimizadas de extração de MEV ganham 135% mais do que validadores sem essas capacidades. Essa diferença de lucro impulsiona a centralização, à medida que validadores menores ou se juntam a pools maiores ou saem totalmente do ecossistema. As implicações de longo prazo para a descentralização de blockchain permanecem preocupantes, com alguns pesquisadores sugerindo que o MEV poderia eventualmente empurrar a maioria dos blockchains para estruturas oligopolísticas de validadores.
Design e Adaptação do Protocolo
Os designers de protocolos têm sido forçados a se adaptar à realidade do MEV, incorporando mecanismos de defesa para proteger os usuários e manter a integridade do protocolo. Os criadores de mercado automatizados (AMMs) implementaram recursos como:
- Tolerâncias de Deslizamento: Permitir que os usuários especifiquem desvios de preço máximos aceitáveis, protegendo contra ataques de sanduíche
- Prazos de Transação: Falhar automaticamente transações que permanecem pendentes por muito tempo, reduzindo a exposição à manipulação de preço
- Preços Médios Ponderados no Tempo: Executar grandes pedidos em vários blocos para reduzir o impacto no preço e a exposição ao MEV
Essas adaptações melhoram a proteção do usuário mas aumentam a complexidade do protocolo e muitas vezes reduzem a eficiência do capital. A troca entre resistência ao MEV e funcionalidade do protocolo continua sendo um desafio central para os designers de DeFi. Alguns protocolos adotaram abordagens mais radicais, como o uso do Pendle Finance de compromissos baseados em árvores de Merkle para esconder detalhes de transações até a execução, eliminando efetivamente oportunidades de frontrunning.
Os protocolos de empréstimo evoluíram de maneira semelhante, implementando sistemas de liquidação em camadas que distribuem oportunidades de forma mais equitativa e reduzem as dinâmicas de "o vencedor leva tudo" dos mercados de liquidação tradicional. Por exemplo, o Aave v3 introduziu um mecanismo de leilão holandês para liquidações que aumenta gradualmente os bônus de liquidação ao longo do tempo, reduzindo o incentivo para guerras de preços de gás e potencialmente diminuindo a extração de MEV de eventos de liquidação.
Corrida Tecnológica e Respostas do Ecossistema
A natureza lucrativa do MEV desencadeou uma corrida tecnológica, com várias partes interessadas desenvolvendo sistemas cada vez mais sofisticados para extrair, distribuir ou mitigar o MEV. Esta competição impulsionou uma inovação significativa na infraestrutura de blockchain enquanto levantava questões importantes sobre participação equitativa.
Infraestrutura Especializada de MEV
O ecossistema MEV gerou infraestrutura construída com o propósito de otimizar a extração de valor. Flashbots, o exemplo mais proeminente, desenvolveu o MEV-Boost - um serviço middleware que cria um mercado para espaço de bloco. Este sistema permite que os validadores leiloem seus direitos de construção de blocos para construtores especializados que otimizam a ordem das transações para extração de MEV.
O construtor retorna uma parte do valor extraído para o validador, criando um arranjo mutuamente benéfico.
O domínio de mercado do MEV-Boost é impressionante: desde a transição do Ethereum para proof-of-stake, mais de 90% dos blocos foram produzidos usando essa infraestrutura. Esta adoção generalizada criou efetivamente um mercado sombrio para direitos de ordenamento de transações, com leilões diários de MEV-Boost excedendo regularmente $1 milhão em valor total.
Infraestrutura relacionada inclui sistemas especializados de observação de mempool, serviços estratégicos de roteamento de transações e integrações de carteira cientes do MEV. Principais jogadores de DeFi como 1inch e Matcha incorporaram proteção contra MEV diretamente em suas interfaces, roteando transações através de retransmissores de proteção que protegem os usuários de estratégias comuns de extração.
Tecnologias Preservadoras de Privacidade
Um contraponto tecnológico à extração de MEV surgiu na forma de protocolos de transação que preservam a privacidade. Esses sistemas empregam técnicas criptográficas para obscurecer detalhes da transação até a execução, eliminando teoricamente as assimetrias de informação que permitem a extração de MEV.
As abordagens incluem:
- Mempools Encriptados: Sistemas como Shutter Network e SUAVE encriptam dados de transação usando criptografia de limiar, impedindo extratores de MEV de visualizar transações pendentes
- Esquemas de Compromisso-Revelação: Protocolos onde os usuários primeiro se comprometem com um hash de transação, revelando os detalhes reais da transação apenas após a inclusão em um bloco
- Provas de Conhecimento Zero: Construções criptográficas avançadas que permitem a validação de transações sem revelar detalhes da transação
Embora promissoras, essas soluções enfrentam desafios técnicos significativos, incluindo aumento de sobrecarga computacional, requisitos complexos de gerenciamento de chaves e problemas de compatibilidade com contratos inteligentes existentes. Implementações iniciais mostraram potencial - o testnet da Shutter Network demonstrou uma redução de 89% em frontrunning durante experimentos controlados - mas sistemas prontos para produção ainda estão em desenvolvimento.
Considerações Regulatórias e Engajamento Institucional
O cenário regulatório em torno do MEV permanece nebuloso, com práticas como frontrunning e reordenação de transações ocupando áreas cinzentas legais em sistemas descentralizados. Os mercados financeiros tradicionais têm regulamentos claros contra atividades similares, com frontrunning explicitamente proibido sob a maioria das leis de valores mobiliários. No entanto, a natureza pseudônima da blockchain e a operação global complicam a aplicação regulatória.
Ações recentes de aplicação sugerem um crescente interesse regulatório em atividades relacionadas ao MEV. Em março de 2023, a U.S. Commodity Futures Trading Commission (CFTC) apresentou acusações contra uma empresa de negociação por supostamente manipular mercados de liquidação em um grande protocolo de DeFi, sinalizando que as autoridades podem ver certas estratégias de MEV como formas de manipulação de mercado, apesar de ocorrerem em redes permissionless.
Essa incerteza regulatória não desencorajou a participação institucional. Empresas de finanças tradicionais alocaram cada vez mais recursos para estratégias de MEV, aplicando técnicas quantitativas sofisticadas a mercados on-chain. Jump Trading, Cumberland e outros criadores de mercado estabelecidos formaram equipes dedicadas ao MEV, enquanto capital de risco fluiu para startups de infraestrutura de MEV. Notavelmente, Flashbots arrecadou $60 milhões com uma avaliação de $1 bilhão no início de 2023, destacando a confiança institucional no valor de longo prazo do MEV.
A institucionalização do MEV traz tanto benefícios quanto preocupações: práticas melhoradas de vigilância de mercado e gestão de riscos podem aumentar a estabilidade do ecossistema, mas as vantagens institucionais em capital e tecnologia correm o risco de acelerar tendências de centralização já evidentes na extração de MEV.
Trajetórias Futuras e Implicações Sistêmicas
A evolução das práticas de MEV continua a remodelar a economia de blockchain, com várias tendências emergentes provavelmente definindo seu desenvolvimento futuro. Compreender essas trajetórias é essencial para protocolos, usuários e reguladores que buscam navegar pelos complexos incentivos em jogo nos sistemas descentralizados.
Dinâmicas de MEV Cross-Chain e Layer 2
À medida que a atividade blockchain migra cada vez mais para soluções Layer 2 e redes Layer 1 alternativas, a extração de MEV está acompanhando - mas com importantes diferenças no mecanismo e distribuição. Nos rollups otimistas como Arbitrum e Optimism, o papel do sequenciador (que ordena transações antes de submetê-las ao Ethereum) cria um ponto centralizado para potencial extração de MEV. Essa centralização potencialmente simplifica a captura de MEV enquanto cria novos desafios de governança em torno da distribuição de receita do sequenciador.
Dados do L2Beat indicam que as redes Layer 2 processaram mais de $50 bilhões em volume de transações no 1º trimestre de 2024, criando significativas oportunidades de MEV. No entanto, os mecanismos de distribuição diferem substancialmente dos sistemas Layer 1. O Optimism, por exemplo, implementou financiamento de bens públicos retroativos usando uma parte da receita de MEV de sequenciadores, efetivamente socializando os lucros da extração para apoiar o desenvolvimento do ecossistema. Essa abordagem oferece um potencial modelo para redistribuir o valor de MEV além de validadores e buscadores.
O MEV cross-chain representa uma fronteira adicional, com arbitradores sofisticados explorando diferenças de preço entre ativos em diferentes blockchains. Essas oportunidades exigem infraestrutura complexa que abrange múltiplas redes e frequentemente envolve mecanismos de ponte especializados. Embora tecnicamente desafiador, o MEV cross-chain potencialmente oferece maiores oportunidades de extração devido à fragmentação de liquidez nos ecossistemas.
Mecanismos de Redistribuição de MEV
O reconhecimento da importância sistêmica do MEV tem estimulado inovação em mecanismos de redistribuição, com vários protocolos experimentando abordagens para compartilhar o valor da extração de forma mais equitativa:
- Leilões de MEV: Sistemas onde validadores leiloam direitos de ordenamento de transações, com os lucros sendo parcialmente devolvidos aos usuários
- MEV Possuído pelo Protocolo: Designs
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- Reembolsos para Usuários: Compensação direta para usuários que foram afetados pela extração de MEV, calculada com base nas características das transações
O pesquisador do Ethereum, Vitalik Buterin, defendeu a protocolização do MEV - incorporando a captura e distribuição de MEV diretamente no design do protocolo, em vez de tratá-lo como uma externalidade. Propostas como a separação de proponentes e construtores (PBS) visam criar mercados mais transparentes e equitativos para o espaço de bloco, ao mesmo tempo que preservam os incentivos econômicos que o MEV proporciona para a segurança da rede.
Alguns protocolos implementaram abordagens inovadoras para a redistribuição de MEV. O CoWSwap usa leilões em lote e resolutores off-chain para capturar MEV e retornar aos usuários por meio de preços de execução melhorados. Da mesma forma, a Osmosis no ecossistema Cosmos emprega um mecanismo baseado em limiar, onde uma parte dos lucros do MEV são retornados ao tesouro do protocolo, financiando o desenvolvimento contínuo e incentivos de liquidez.
Inovações Técnicas na Mitigação de MEV
As abordagens técnicas para mitigação de MEV continuam a evoluir, com várias direções promissoras:
- Ordenação Baseada em Tempo: Protocolos como os Serviços de Sequenciamento Justo (FSS) da Chainlink implementam a ordenação de transações baseada em tempo, removendo a discricionariedade dos validadores na sequenciação
- Criptografia por Limiar: Sistemas que mantêm os detalhes das transações criptografados até a execução, prevenindo ataques de front-running e sanduíche
- Leilões em Lote: Mecanismos que coletam múltiplas transações e as executam a um preço de compensação uniforme, eliminando vantagens de ordenação
Pesquisas do Centro de Pesquisa em Blockchain da Universidade de Stanford sugerem que mecanismos de ordenação baseada em tempo podem reduzir o MEV extraível em até 90% em certos protocolos, embora com trocas na latência de execução e na vazão. Essas abordagens representam uma direção promissora para reduzir as externalidades negativas do MEV ao mesmo tempo que preservam seus efeitos benéficos na eficiência do mercado.
Governança e Distribuição de Poder
Talvez a questão mais consequente em torno do MEV diga respeito ao seu impacto de longo prazo na governança de blockchain e na distribuição de poder. À medida que a extração de MEV se torna cada vez mais profissionalizada e intensiva em capital, a concentração dessas capacidades em um pequeno conjunto de empresas especializadas levanta preocupações sobre a influência no desenvolvimento e governança do protocolo.
Pesquisas da Iniciativa para Criptomoedas e Contratos (IC3) da Universidade de Cornell sugerem que entidades controlando uma capacidade significativa de extração de MEV podem potencialmente influenciar votos de governança através de incentivos econômicos sutis, mesmo sem possuir grandes posições de tokens diretamente. Essa influência opera através de vários canais, incluindo a ordenação preferencial de transações para propostas alinhadas e a censura estratégica de transações durante votos de governança contenciosos.
A resposta a esses desafios de governança permanece incerta. Alguns protocolos implementaram mecanismos de governança explicitamente projetados para resistir à influência dirigida por MEV, incluindo processos de votação em várias etapas e períodos de execução bloqueados por tempo. Outros abraçaram o MEV como um aspecto inerente da governança on-chain, projetando sistemas que tornam as oportunidades de extração transparentes e acessíveis a participantes diversos.
Reflexões Finais
A economia do MEV representa uma evolução fundamental nas estruturas de incentivo de blockchain, transformando validadores de processadores de transações passivos em participantes ativos do mercado com motivações financeiras complexas. Essa transformação desafia narrativas simplistas sobre blockchain como uma infraestrutura puramente neutra, ao mesmo tempo que cria novas oportunidades para inovação financeira e design de protocolos.
Compreender o MEV exige reconhecer sua dualidade: ele simultaneamente aprimora a eficiência do mercado através de arbitragem rápida e descoberta de preços, ao mesmo tempo que potencialmente compromete o acesso equitativo por meio de vantagens sistemáticas para participantes tecnicamente sofisticados. Essa tensão entre eficiência e equidade define o debate contínuo sobre o papel do MEV em ecossistemas descentralizados.
Para desenvolvedores e designers de protocolos, o futuro consciente do MEV exige consideração cuidadosa de mecanismos de ordenação de transações, técnicas preservadoras de privacidade e sistemas de distribuição de valor. As escolhas estratégicas feitas hoje em torno da extração e mitigação do MEV moldarão o cenário econômico do blockchain por anos a fio. Para os usuários, o conhecimento das dinâmicas do MEV permite uma participação mais informada nas finanças descentralizadas. Compreender os custos invisíveis da ordenação de transações, os riscos de exposição de mempool público e os mecanismos de proteção disponíveis permite que os usuários naveguem no complexo cenário DeFi de forma mais eficaz.