Richard Liu, cofundador da Huma Finance, disse na quarta-feira que os sistemas de pagamento baseados em blockchain provavelmente verão uma adoção mais rápida em partes do bloco BRICS, particularmente Índia, Brasil e África do Sul, enquanto países com controles rígidos de câmbio estrangeiro, como China e Rússia, continuarão sendo mercados difíceis de penetrar.
“A solução em si pode funcionar para quase todos os países, exceto aqueles países que têm um forte vínculo com o controle de câmbio estrangeiro”, disse Liu em uma entrevista com Yellow.com.
As observações de Liu surgem à medida que as nações do BRICS avançam em direção a uma maior coordenação financeira, incluindo discussões sobre liquidações em moeda digital.
Ele disse que, para mercados emergentes com regimes regulatórios flexíveis, trilhos de blockchain oferecem uma chance de superar as ineficiências dos sistemas existentes, como SWIFT.
Referindo-se a como as transferências convencionais entre fronteiras costumam levar vários dias para serem concluídas, Liu descreveu o impacto prático da liquidação T+0 (mesmo dia).
“Swift é tão antigo, lento e caro”, disse. “Por exemplo, se você enviar dinheiro de Londres para as Filipinas, leva vários dias para ser liquidado e é muito caro. O que fizemos hoje, todas essas coisas são T+3 ou T+4. Inovamos para ser T+0.”
Ele explicou que o modelo PayFi da Huma permite que comerciantes e fornecedores recebam fundos quase instantaneamente usando liquidez baseada em blockchain para liquidar antecipadamente pagamentos que, de outra forma, seriam atrasados no processo bancário tradicional.
“Por exemplo, quando a Amazon paga seus fornecedores asiáticos, hoje é T+2 ou T+3”, disse Liu. “Assim que detectamos o dinheiro saindo da conta da Amazon, porque sabemos que esse dinheiro está entrando no sistema financeiro, somos capazes de antecipar, fornecemos liquidez para você liquidar a transação no mesmo dia.”
Essa rapidez, disse ele, pode ser crucial para empresas menores.
“Para pessoas comuns, se você e eu provavelmente temos uma renda razoável e estamos bem”, ele disse. “Mas para muitas empresas, aquele fornecimento de caixa de três dias faz uma enorme diferença.”
Liu acrescentou que a liquidação quase instantânea pode em breve se tornar o padrão tanto para pagamentos entre fronteiras quanto domésticos. “Acreditamos que o futuro — em cinco a dez anos — T+0 será o mainstream”, disse. “Não apenas pagamentos entre fronteiras, mesmo pagamentos com cartão de crédito.”
Ele também enfatizou o foco da Huma na conformidade regulatória enquanto expande os serviços do PayFi globalmente. Liu disse que a Huma se fundiu com a ARF, com sede na Suíça, para operar dentro das regras financeiras estabelecidas.
“Eles têm a estrutura legal para poder apoiar todas as instituições financeiras licenciadas, todas as empresas de pagamentos licenciadas para o mundo inteiro”, disse. “Neste momento, todos os nossos clientes têm licenças de pagamento.”
Para reduzir riscos e atritos regulatórios, Liu disse que a Huma usa apenas USDC, descrevendo-o como “aquele que possui a melhor postura de conformidade”.
O modelo da empresa permite que empresas de pagamento transacionem em stablecoins enquanto continuam a cumprir os requisitos regulatórios locais.
“Nossa interface é muito simples”, disse ele. “Quando eles nos devolvem o pagamento, também nos devolvem em stablecoin. Isso na verdade nos salva de ter que lidar com todas essas complexidades.”
“Por exemplo, a China é mais difícil de penetrar, e a Rússia também”, ele disse. “Mas países como Índia, Brasil e África do Sul podem ser alcançados mais facilmente e podem realmente se beneficiar substancialmente desse tipo de inovação.”