Mastercard selecionou a Polygon para alimentar um novo sistema que permite que usuários de criptomoeda enviem fundos para nomes de usuário verificados em vez dos endereços de carteira longos e complexos que há muito representam uma barreira para a adoção em massa, anunciaram as empresas na terça-feira.
A iniciativa estende o Mastercard Crypto Credential para carteiras de autocustódia pela primeira vez, introduzindo uma camada de verificação que espelha a experiência familiar de enviar dinheiro por aplicativos usando nomes de usuário em vez de números de conta.
A Mercuryo, uma plataforma global de infraestrutura de pagamentos cripto, cuidará da verificação de identidade e emitirá os aliases que os usuários podem vincular às suas carteiras.
"Ao simplificar endereços de carteira e adicionar verificação significativa, o Mastercard Crypto Credential está construindo confiança em transferências de tokens digitais", disse Raj Dhamodharan, vice-presidente executivo de Blockchain & Ativos Digitais da Mastercard. "Reunir as capacidades da Mercuryo e da Polygon com nossa infraestrutura torna os ativos digitais mais acessíveis e reforça o compromisso da Mastercard de fornecer experiências de blockchain seguras, intuitivas e escaláveis para consumidores em todo o mundo."
Abordando o Desafio de Usabilidade do Cripto
A natureza longa e complexa dos endereços de carteira de criptomoeda tem impedido persistentemente a adoção em massa. Um endereço típico da Ethereum consiste em 42 caracteres hexadecimais que se parecem com "0xd1BCC402bb88Cc3d174a66017755264DfAF8C2F3" — praticamente impossível de memorizar e fácil de errar ao copiar.
Essa complexidade técnica cria riscos reais. Usuários que inserem um endereço incorreto podem perder seus fundos permanentemente, sem recurso para recuperação. As sequências intimidadoras de caracteres também desencorajam novos participantes de entrarem no espaço cripto, limitando o alcance potencial da tecnologia.
Várias soluções surgiram para resolver este problema. O Ethereum Name Service (ENS) permite que os usuários registrem domínios legíveis por humanos, como "alice.eth", que mapeiam para seus endereços de carteira, funcionando de forma semelhante a como o Sistema de Nomes de Domínio da internet traduz endereços IP em nomes de sites. Outros serviços implementaram códigos QR ou sistemas baseados em números de telefone.
A abordagem da Mastercard difere ao adicionar uma camada de verificação além da funcionalidade de alias. Quando um usuário inicia uma transferência usando um alias de Credenciais Cripto, o sistema confirma não apenas que o alias do destinatário é válido, mas também que sua carteira suporta o ativo digital específico e a blockchain em uso. Se a carteira receptora for incompatível, o remetente recebe uma notificação e a transação é interrompida, evitando potencial perda de fundos.
Como o Sistema Funciona
O processo começa com a verificação de identidade através da Mercuryo, uma plataforma fintech que tem fornecido infraestrutura de pagamento cripto-para-fiat desde 2018. A Mercuryo cadastrará os usuários de acordo com os padrões Mastercard Crypto Credential, realizando a verificação necessária de conheça seu cliente (KYC) antes de emitir aliases.
Uma vez verificados, os usuários recebem um alias que podem conectar à sua carteira de autocustódia. Eles também podem solicitar um token soulbound na Polygon — um token não transferível que sinaliza na blockchain que sua carteira pertence a um usuário verificado e suporta processamento de transações baseadas em credenciais. Este token ajuda aplicativos a rotearem transações de forma apropriada através da rede Mastercard Crypto Credential.
O resultado permite que os usuários transacionem usando um único alias verificado reconhecido por todos os serviços participantes, eliminando a necessidade de compartilhar ou digitar longos endereços hexadecimais. A experiência espelha o envio de dinheiro por aplicativos de consumo como Venmo ou PayPal, onde os usuários simplesmente inserem um nome de usuário do destinatário em vez de seus detalhes bancários.
A Mastercard disse que escolheu a Polygon primeiro devido à velocidade, confiabilidade e infraestrutura pronta para pagamentos da rede. A empresa enfatizou que a Polygon pode lidar com a alta capacidade necessária para suportar pagamentos em larga escala no mundo real.
Capacidades Técnicas da Polygon
A Polygon se posicionou como uma solução líder de escalabilidade da Ethereum, processando transações significativamente mais rápidas e baratas que a rede principal da Ethereum. A rede processa transações com tempos médios de confirmação de 2 a 5 segundos e pode, teoricamente, lidar com até 65.000 transações por segundo.
Recentes atualizações melhoraram ainda mais essas capacidades. A atualização Rio ativada em outubro de 2025 aumentou a capacidade da rede para 5.000 transações por segundo, garantindo uma finalização de transação quase instantânea. A atualização também eliminou riscos de reorganização da blockchain, melhorando a confiabilidade dos sistemas de pagamento.
O roteiro da Polygon visa um desempenho ainda maior por meio de sua iniciativa Gigagas, que visa eventualmente alcançar 100.000 transações por segundo. Estas especificações tornam a rede adequada para os requisitos de alto volume e baixa latência dos aplicativos de pagamento que a Mastercard imagina para seu sistema de Credenciais Cripto.
A rede já atraiu uma significativa adoção institucional. Grandes empresas, incluindo Stripe, Starbucks e várias instituições financeiras, construíram sobre a infraestrutura da Polygon, validando suas capacidades de nível empresarial.
Desenvolvendo-se com Lançamentos Anteriores da Credencial Cripto
O anúncio de terça-feira complementa o desenvolvimento contínuo da Mastercard em Credenciais Cripto, que a empresa revelou pela primeira vez ao Consensus em 2023. Desde então, o programa se expandiu através de parcerias com várias redes de blockchain, incluindo Aptos Labs, Ava Labs e a Solana Foundation.
O sistema foi lançado com suas primeiras transações piloto ponto a ponto em maio de 2024, permitindo que usuários em exchanges, incluindo Bit2Me, Lirium e Mercado Bitcoin, enviassem e recebessem cripto usando aliases. O piloto inicialmente serviu usuários em 13 países da América Latina e Europa, incluindo Argentina, Brasil, Chile, França, México, Portugal e Espanha.
Desde então, a Mastercard expandiu o programa para mercados adicionais, incluindo os Emirados Árabes Unidos e Cazaquistão, alcançando mais de 7 milhões de usuários potenciais em exchanges participantes. A extensão para carteiras de autocustódia representa um alargamento significativo de escopo, dado que as implementações anteriores se concentraram em ambientes de exchange custodial.
Além de transações ponto a ponto, a Mastercard indicou que a Credencial Cripto poderia eventualmente suportar casos de uso adicionais, incluindo NFTs, bilhetagem e outras soluções de pagamento, dependendo da demanda de mercado e requisitos de conformidade.
A Distinção da Autocustódia
A expansão para carteiras de autocustódia marca uma evolução significativa para o programa. Carteiras de autocustódia — onde os usuários controlam suas próprias chaves privadas em vez de depender de um custodiante terceiro — representam uma proposição de valor fundamental da criptomoeda: soberania financeira sem intermediários.
No entanto, a autocustódia tradicionalmente significou sacrificar as características de conveniência que serviços centralizados fornecem, incluindo verificação de identidade e interfaces amigáveis ao usuário. A iniciativa da Mastercard tenta preencher essa lacuna oferecendo melhorias de verificação e usabilidade, permitindo que os usuários mantenham o controle sobre seus ativos.
A abordagem também aborda preocupações regulatórias em torno de transparência e conformidade. A Credencial Cripto da Mastercard suporta a troca de informação da Travel Rule para transações transfronteiriças — um requisito regulatório desenhado para garantir a transparência e prevenir atividades ilícitas. Essa camada de conformidade pode ajudar as soluções de autocustódia a ganharem aceitação mais ampla de reguladores e instituições financeiras tradicionais.
Considerações Finais
A parceria reflete esforços mais amplos da indústria para tornar a criptomoeda mais acessível aos usuários comuns. Apesar de anos de desenvolvimento, o cripto permanece amplamente confinado a primeiros adotantes tecnicamente sofisticados, com interfaces complexas citadas como uma barreira primária para adoção mais ampla.
Um estudo de setembro de 2025 da Mercuryo e da Protocol Theory descobriu que, embora a adoção de carteiras cripto esteja acelerando entre americanos abastados, barreiras, incluindo experiências de usuário desajeitadas e processos de transação complexos, continuam limitando a participação entre populações mais amplas. A pesquisa enfatizou que a adoção só acelerará quando as carteiras se tornarem simples e amigáveis o suficiente para atender às necessidades cotidianas.
A integração da Mastercard dos padrões de rede de pagamento tradicionais com infraestrutura blockchain representa uma abordagem para abordar esses desafios. Alavancando suas estruturas de confiança existentes e sistemas de verificação, a empresa visa criar uma experiência mais familiar para os usuários enquanto mantém os benefícios da tecnologia descentralizada.
Para a Polygon, a parceria valida seu posicionamento como infraestrutura de pagamentos e pode atrair adoção empresarial adicional. Para a Mercuryo, o papel como emissor de alias inicial fornece uma plataforma significativa para expandir sua presença no espaço de identidade cripto.
O sucesso desta iniciativa pode depender da adoção por provedores de carteiras e pelo setor mais amplo. ecosystem. A Mastercard enfatizou que o sistema de alias funciona em todas as exchanges e carteiras suportadas na rede Crypto Credential, mas essa rede deve crescer para oferecer um valor significativo aos usuários que buscam uma identidade cripto universal.

