Enquanto o ouro quebra tetos históricos de preços com um aumento sem precedentes, Bitcoin fica para trás - por enquanto. Com entradas em fundos de ouro superando $80 bilhões este ano, o metal precioso reafirmou seu status como refúgio preferido contra a instabilidade econômica global.
Mas, segundo veteranos traders e analistas, essa ascensão meteórica pode estar se aproximando de seus estágios finais, potencialmente abrindo espaço para o Bitcoin realizar uma alta.
De acordo com dados recém-divulgados do Bank of America, o ouro está experimentando sua sequência mais forte desde 2013, com $80 bilhões em entradas líquidas no ano - o dobro do recorde anterior estabelecido em 2020.
A carta Kobeissi, que publicou os números via X em 15 de abril, destacou que os preços do ouro subiram 22% apenas em 2025, superando todas as principais classes de ativos.
Em 16 de abril, o XAU/USD atingiu máximas históricas perto de $3.300 por onça, um marco impulsionado por crescentes tensões geopolíticas, crescente interesse em ativos de refúgio seguro e uma retomada na demanda institucional. A contínua guerra comercial dos EUA acelerou ainda mais a procura por ouro, à medida que investidores buscam isolamento contra a incerteza macroeconômica.
"Ouro é o refúgio seguro global", escreveu Kobeissi. "Os preços estabeleceram 52 novas máximas históricas no ano passado - marcando a sequência mais forte em mais de uma década."
Enquanto isso, a narrativa do Bitcoin como "ouro digital" foi impactada. Apesar do lançamento de ETFs de Bitcoin spot nos EUA e do crescente envolvimento institucional, BTC/USD caiu recentemente para uma baixa de cinco meses.
Análises onchain da Glassnode revelam que os ativos combinados sob gestão (AUM) em ETFs de Bitcoin caíram de $106 bilhões no início do ano para $92 bilhões em meados de abril.
Embora o mercado cripto mais amplo permaneça esperançoso para uma temporada de altcoins, o desempenho inferior do Bitcoin em comparação ao ouro lançou dúvidas sobre seu papel atual como proteção em mercados voláteis.
Anthony Pompliano, CEO da Professional Capital Management, comentou na CNBC que instituições financeiras tradicionais podem ainda estar hesitantes em adotar totalmente o Bitcoin em tempos incertos. "Eles não estão autorizados ou não estão acostumados a ver o Bitcoin como uma proteção macro", observou.
Apesar de sua contínua alta, nem todos acreditam que o ouro possa manter seu impulso atual. O renomado trader Peter Brandt sugeriu esta semana que o ouro entrou em um "estágio de exaustão" - uma fase clássica de mercado onde os preços disparam de forma parabólica antes de colapsar.
"Ouro entrou agora em seu estágio de exaustão", escreveu Brandt. "Essa rápida ascensão chegará a um topo terminal, mas tentar prever um pico pode ser muito caro."
Esse sentimento ecoa uma teoria de longa data entre alguns investidores: quando o ouro atinge o ápice, o Bitcoin geralmente segue com um rally atrasado, mas mais agressivo. Como apontou o investidor Lawrence Lepard, gráficos históricos indicam que o Bitcoin tende a espelhar o desempenho do ouro - tipicamente 100 dias depois, e com significativamente mais volatilidade.
Pompliano reforçou essa ideia, afirmando: "O que vemos é que, quando o ouro corre, o Bitcoin geralmente segue - e tende a correr muito mais forte."
Uma Divergência com uma Potencial Convergência à Vista?
Enquanto o ouro domina as manchetes no segundo trimestre de 2025, o momento do Bitcoin ainda pode estar no horizonte. Se a trajetória de preço atual do ouro atingir uma fase terminal, isso poderia abrir caminho para o BTC recuperar sua narrativa como um refúgio digital - especialmente se as pressões macro persistirem.
Se o Bitcoin mais uma vez aproveitar o impulso do ouro, ou se traçará um novo caminho, ainda veremos. Mas por enquanto, enquanto o ouro celebra sua sequência recorde, o Bitcoin aguarda nos bastidores.