Criminosos movimentaram US$ 649 bilhões em stablecoins para endereços de alto risco no ano passado, embora isso represente uma porcentagem menor do volume total do que em anos anteriores, de acordo com um novo relatório do setor divulgado na terça-feira.
O que Saber:
- O uso de stablecoins em atividades ilícitas aumentou em termos absolutos, mas diminuiu como porcentagem do volume total do mercado.
- Tether continua a ser o stablecoin mais popular para transações criminosas, com as blockchains Tron e Ethereum facilitando a maioria das transferências ilícitas.
- As autoridades e emissores de stablecoins intensificaram a fiscalização, congelando quase US$ 1 bilhão em ativos.
Atividade Criminosa com Stablecoins Cresce Enquanto Perde Participação de Mercado
O Relatório de Crimes com Criptomoedas 2024 da empresa de rastreamento de criptomoedas Bitrace revelou que, enquanto as transações ilícitas com stablecoins atingiram níveis sem precedentes, o uso legítimo cresceu ainda mais rápido. Os US$ 649 bilhões em stablecoins direcionados a endereços classificados como de alto risco representaram 5,14% do volume global de stablecoins, uma diminuição notável em relação a 5,94% em 2023.
"Desde 2022, stablecoins substituíram o Bitcoin como a moeda preferida para transações ilícitas", observou a Onchain Foundation em uma análise relacionada publicada na plataforma de mídia social X.
O Tether (USDT), o stablecoin dominante no mercado, representou a vasta maioria das transações marcadas como suspeitas. A maioria dessas transações ocorreu em duas redes de blockchain: Tron e Ethereum. Enquanto a participação do Ethereum na atividade ilícita com stablecoins aumentou no último ano, o Tron ainda facilita mais de três quartos de todas as transferências suspeitas.
O relatório surge em meio a crescentes preocupações de agências de aplicação da lei em todo o mundo sobre o papel das criptomoedas na facilitação de crimes financeiros. O pesquisador de segurança em criptomoedas ZachXBT alegou no mês passado que hackers norte-coreanos têm o que ele descreveu como participação "epidêmica" no ecossistema de stablecoins.
Mercados da Darknet e Esforços de Fiscalização Intensificam
O relatório da Bitrace identificou várias outras tendências preocupantes além do uso indevido de stablecoins. O comércio ilícito em mercados da darknet cresceu mais de US$ 30 bilhões, já que os vendedores recorrem cada vez mais a plataformas de finanças descentralizadas para escapar da detecção pelas autoridades.
Os jogos de azar com criptomoedas, outro setor de alto risco, também tiveram um crescimento significativo de 17,5%, atingindo US$ 217,84 bilhões em volume de transações no ano passado.
A fraude financeira mostrou o aumento mais dramático, com golpes envolvendo criptomoedas inflando de US$ 12 bilhões em 2023 para US$ 52 bilhões em 2024. Serviços de custódia fraudulentos como Huione emergiram como intermediários principais nesses esquemas, embora os emissores de stablecoins tenham começado a mirar nessas operações.
Os esforços de fiscalização aceleraram em resposta a essas tendências. Tether e Circle, dois emissores importantes de stablecoins, tornaram-se cada vez mais ativos no congelamento de carteiras vinculadas a atividades criminosas. O valor total dos ativos congelados cresceu quase US$ 1 bilhão em 2024, o dobro do valor congelado nos três anos anteriores juntos.
Observadores do setor notam que essas ações de fiscalização, embora ainda capturem apenas uma fração da atividade ilícita, representam uma escalada significativa na luta contra o crime com criptomoedas.
Considerações Finais
Embora as stablecoins continuem sendo uma ferramenta crucial para criminosos operando no espaço das criptomoedas, seus usos legítimos continuam a se expandir mais rapidamente do que as aplicações ilícitas. À medida que os mecanismos de fiscalização se tornam mais sofisticados e disseminados, a indústria de criptomoedas parece estar progredindo no enfrentamento de sua longa associação com crimes financeiros.