O analista polonês de criptomoedas Phil Konieczny declarou o fim oficial da narrativa de “superciclo”, argumentando que a recente queda do Bitcoin confirma a entrada em uma fase clássica de mercado de baixa, consistente com os padrões históricos de ciclos de quatro anos – uma tese que muitos investidores descartaram como ultrapassada durante a eufórica disparada de preços de 2025 até US$ 126.000.
Em uma análise em vídeo detalhada, Konieczny enfatizou que o Bitcoin, atualmente sendo negociado em torno de US$ 85.000 após cair 28% em relação às máximas de outubro, está se comportando “de forma exemplar” de acordo com padrões cíclicos estabelecidos. O analista apontou a posição do Bitcoin abaixo de sua média móvel de 50 semanas como um sinal definitivo de mercado de baixa, marcando o primeiro fechamento semanal abaixo desse nível técnico-chave desde março de 2023.
“O mercado percebeu tarde demais que o mercado de alta havia acabado”, afirmou Konieczny, acrescentando que os dados históricos sinalizavam claramente que a ciclicidade continuaria, apesar da crença generalizada em um cenário de superciclo estendido.
Cronograma histórico de topos valida teoria de ciclos
A análise de Konieczny se concentra na observação de que os topos de mercado do Bitcoin ocorreram progressivamente mais cedo em cada ciclo sucessivo. O topo de 2017 veio em dezembro, o de 2021 em novembro e o topo do ciclo atual se materializou em outubro de 2025. Esse padrão consistente de topos cada vez mais antecipados sustenta a tese do analista de que o Bitcoin continua preso a um comportamento cíclico de quatro anos ligado aos eventos de halving.
A criptomoeda atingiu aproximadamente US$ 126.000 em outubro antes de iniciar sua queda – um declínio que, segundo dados da CryptoQuant, levou as condições de mercado para os “níveis mais pessimistas” dentro do atual ciclo de alta. O Bull Score Index da plataforma de análises despencou para leituras extremamente baixistas de 20 em 100, enquanto o Bitcoin caiu significativamente abaixo da média móvel crítica de 365 dias de US$ 102.000.
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Fraqueza na dominância do Bitcoin sinaliza fragilidade do mercado
Ao contrário do que costuma ocorrer em mercados de baixa, a dominância do Bitcoin não se fortaleceu de forma substancial, apesar da fraqueza mais ampla do mercado. Konieczny destacou que a dominância do BTC caiu de 61,4% para 58,8% em novembro – um movimento contraintuitivo que expõe uma fragilidade subjacente do mercado em vez de indicar rotação para altcoins.
O analista alertou que isso representa um cenário em que tanto o Bitcoin quanto as altcoins caem simultaneamente, em vez de haver fluxo de capital de um para outro. Muitas altcoins registraram perdas catastróficas, entre 60% e 80% no acumulado do ano, com poucas apresentando qualquer sinal de recuperação. O Altcoin Season Index, apesar das recentes altas, continua bem abaixo dos níveis que sinalizariam uma verdadeira rotação para criptomoedas alternativas.
“O risco de investir em altcoins é alto demais”, advertiu Konieczny, observando que muitas criptomoedas alternativas nunca se recuperaram de mercados de baixa anteriores. Apenas 3 das 55 principais altcoins acompanhadas pela Alphractal superaram o Bitcoin nos últimos 60 dias, enquanto o restante sofreu perdas entre 20% e 80%.
Ventos contrários macroeconômicos agravam a pressão de mercado
Konieczny dedicou parte significativa de sua análise ao agravamento das condições macroeconômicas, que, segundo ele, limitarão a recuperação do mercado de criptomoedas. O analista destacou especificamente a curva de juros invertida – um indicador historicamente confiável de recessão – ao lado do aumento dos níveis de endividamento do consumidor e do crescimento nos pedidos de falência corporativa.
Ele também apontou para a escalada das tensões comerciais entre EUA e China e para as pressões inflacionárias persistentes, que lançaram dúvidas sobre a disposição do Federal Reserve em implementar cortes de juros em dezembro. O Bitcoin costuma se beneficiar de ambientes de queda de juros, mas a atual incerteza macroeconômica minou esse mecanismo tradicional de suporte.
Fluxos de ETFs falham em fornecer sustentação
Embora o lançamento de fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin tenha gerado entusiasmo substancial no início de 2025, Konieczny argumenta que seu impacto se mostrou insuficiente sem condições macroeconômicas favoráveis. O analista observou que as compras via ETFs foram “um dos principais motores” nas fases iniciais do mercado de alta, mas não conseguem sustentar o ímpeto de valorização em meio ao agravamento do cenário econômico.
Mais preocupante, Konieczny identificou uma correlação assimétrica entre o Bitcoin e o S&P 500 que prejudica os detentores de criptomoedas. Quedas no mercado de ações agora arrastam o Bitcoin para baixo, enquanto as altas no mercado acionário não fornecem suporte equivalente para os preços dos ativos digitais – uma dinâmica que deixa o Bitcoin vulnerável ao sentimento de aversão a risco dos mercados tradicionais, sem se beneficiar plenamente dos ralis de apetite por risco.
Considerações finais
Apesar da perspectiva fortemente baixista, Konieczny alertou os investidores para não ignorarem a possibilidade de um “dead-cat bounce” – uma recuperação temporária de preço que pode atrair compradores antes que novas quedas se materializem.
Esses repiques técnicos são comuns durante mercados de baixa, à medida que condições de sobrevenda desencadeiam pressão de compra de curto prazo sem reverter a tendência de queda subjacente.
A mensagem central do analista permaneceu inequívoca: o Bitcoin está seguindo o mesmo padrão cíclico de mercados de baixa anteriores, as altcoins enfrentam perspectivas de recuperação extremamente limitadas e as condições macroeconômicas parecem “ruins” para ativos de risco em geral.
Para investidores que acreditavam na narrativa do superciclo, a análise de Konieczny sugere que o mercado agora está dando uma dura lição sobre o poder duradouro do ciclo de quatro anos do Bitcoin.
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