Os fundos negociados em bolsa (ETFs) à vista de Solana registraram sua primeira saída líquida de US$ 8,10 milhões em 26 de novembro, interrompendo uma sequência de 21 dias consecutivos de entradas que começou quando os produtos foram lançados no fim de outubro.
A saída ocorreu apesar de as entradas acumuladas terem alcançado US$ 613,22 milhões e o total de ativos líquidos ter subido para US$ 917,99 milhões em seis fundos, segundo dados da SoSoValue.
A reversão ocorreu à medida que o capital institucional migrou para produtos de Ethereum e XRP, com ETFs de Ethereum captando US$ 60,82 milhões e fundos de XRP atraindo US$ 21,81 milhões no mesmo dia. ETFs de Bitcoin registraram entradas modestas de US$ 21,12 milhões, sugerindo um posicionamento seletivo dos investidores em vez de um movimento generalizado de aversão a risco. A saída de Solana foi impulsionada principalmente pelo fundo TSOL da 21Shares, que registrou um resgate de US$ 34,37 milhões, enquanto os produtos da Bitwise e da Grayscale continuaram a atrair novo capital.
O desenvolvimento ocorre enquanto a Franklin Templeton protocolou sua documentação regulatória final, o Form 8-A, junto à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) para um ETF à vista de Solana com taxa de administração de 0,19% e isenção de taxas sobre os primeiros US$ 5 bilhões em ativos até 31 de maio de 2026.
A documentação posiciona a Franklin Templeton para lançar seu produto SOEZ na NYSE Arca já em 27 de novembro, somando-se a um cenário competitivo que vem registrando uma demanda institucional acima do esperado desde que a Bitwise estreou o primeiro ETF de Solana dos EUA em 28 de outubro.
O que aconteceu
Os ETFs de Solana registraram seu primeiro fluxo diário negativo desde a criação, com a saída de US$ 8,10 milhões (outflow) representando uma forte reversão em relação ao momento recente, quando os fundos vinham atraindo entre US$ 8,26 milhões e US$ 58 milhões por dia ao longo de novembro. A sequência de 21 dias de entradas havia elevado o total de ativos para US$ 917,99 milhões, equivalente a aproximadamente 1,09% da capitalização de mercado de Solana.
O produto TSOL da 21Shares respondeu pela maior parte dos resgates, registrando uma saída de US$ 34,37 milhões (outflow) que levou seus fluxos líquidos acumulados para território negativo em -US$ 26,22 milhões. Ainda assim, o preço do fundo subiu 3,92% no dia, demonstrando que as saídas não impediram a valorização do ativo subjacente, já que Solana era negociada próxima de US$ 141, alta de 3,8% na sessão.
O ETF BSOL da Bitwise liderou as entradas com US$ 13,33 milhões, adicionando 93.170 tokens SOL e levando as entradas acumuladas para US$ 527,79 milhões, com ativos líquidos totalizando US$ 631,20 milhões. O fundo GSOL da Grayscale atraiu US$ 10,42 milhões e adicionou 72.840 SOL, com ativos líquidos chegando a US$ 148,28 milhões. O FSOL da Fidelity somou US$ 2,51 milhões no dia, elevando as entradas acumuladas para US$ 29,89 milhões, enquanto os produtos da VanEck e da Canary não registraram fluxos.
O mercado mais amplo de ETFs de cripto apresentou padrões divergentes. Os ETFs à vista de Ethereum registraram o quarto dia consecutivo de entradas, com US$ 60,82 milhões entrando nos fundos, marcando uma reversão após semanas de saídas que começaram em 11 de novembro. ETFs de Bitcoin captaram US$ 21,12 milhões apesar de o FBTC da Fidelity ter registrado uma saída de US$ 33,3 milhões, com o IBIT da BlackRock atraindo US$ 42,8 milhões e liderando os fluxos positivos.
Os ETFs de XRP mantiveram sua sequência ininterrupta de entradas positivas, com US$ 21,81 milhões captados no dia, levando os fluxos acumulados para US$ 643 milhões desde o lançamento em 13 de novembro. Os produtos não registraram um único dia de saídas desde a estreia, refletindo o interesse institucional sustentado após a clareza regulatória decorrente do fim da batalha jurídica da Ripple com a SEC.
O protocolo do ETF de Solana da Franklin Templeton marca a entrada da gestora no mercado de Solana após o lançamento bem-sucedido de seu ETF de XRP, que atraiu US$ 62,6 milhões em seu primeiro dia completo de negociação. A empresa protocolou o Form 8-A em 25 de novembro, representando a última etapa administrativa antes do início das negociações. O ETF SOEZ seguirá o CF Benchmarks Solana Index e manterá tokens SOL físicos em custódia, oferecendo um veículo de investimento passivo com a menor taxa de administração do setor.
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Por que isso importa
A primeira saída em ETFs de Solana testa a resiliência da demanda institucional pela terceira maior criptomoeda por capitalização de mercado em meio à maior volatilidade do mercado. Solana caiu 30% no último mês, sendo negociada entre US$ 125 e US$ 143, enquanto taxas de financiamento perpétuo negativas e volumes de negociação em queda pressionaram o ativo. A saída de um único dia não sinaliza necessariamente uma reversão de tendência, mas destaca que o apetite institucional por exposição a Solana permanece seletivo, mesmo com os fluxos acumulados se aproximando de um marco importante, perto de US$ 1 bilhão em ativos.
A rotação em direção a produtos de Ethereum e XRP sugere que os investidores estão realocando capital para ativos com caminhos regulatórios mais claros e adoção institucional consolidada. A sequência de quatro dias de entradas em Ethereum, totalizando mais de US$ 220 milhões, veio após semanas de fortes resgates que retiraram US$ 1,64 bilhão dos fundos entre 3 e 24 de novembro. A reversão indica uma confiança renovada no roteiro de escalabilidade do Ethereum e nas próximas atualizações da rede, incluindo o hard fork Fusaka de 3 de dezembro.
A estratégia agressiva de taxas da Franklin Templeton reduz os custos de todos os produtos concorrentes de ETF de Solana e reflete táticas usadas nos lançamentos de ETFs de Bitcoin, nos quais a competição por taxas impulsionou uma rápida acumulação de ativos. A isenção de taxas da gestora sobre os primeiros US$ 5 bilhões até maio de 2026 pode acelerar a adoção inicial e pressionar emissores existentes a reduzirem suas próprias estruturas de custos. Com US$ 1,66 trilhão em ativos sob gestão, a Franklin Templeton traz credibilidade institucional que pode atrair alocadores que ainda estavam à margem.
O momento coincide com a orientação da SEC que permite a eficácia automática sob a Seção 8(a) para declarações de registro apresentadas sem cláusulas de atraso. Esse mecanismo possibilita o lançamento de ETFs após um período padrão de 20 dias, a menos que a SEC intervenha, acelerando o processo de aprovação que havia sido represado durante a paralisação do governo em outubro. O analista de ETFs da Bloomberg, Eric Balchunas, observou que emissores que utilizarem essa via podem levar produtos ao mercado rapidamente, com vários ETFs de cripto esperados para dezembro.
O JP Morgan originalmente projetou que os ETFs de Solana atrairiam entre US$ 3 bilhões e US$ 6 bilhões em seus primeiros 6 a 12 meses, mas revisou as projeções para aproximadamente US$ 1,5 bilhão no primeiro ano após a queda de mercado de outubro. Os fundos já superaram 60% da previsão revisada em seu primeiro mês, sugerindo que a demanda institucional permanece robusta apesar da volatilidade de preços. O crescimento do ecossistema de Solana – incluindo projetos de tokenização como o xStocks, que leva ações dos EUA para a blockchain, e a expansão da atividade de DeFi – continua atraindo o interesse das finanças tradicionais.
Considerações finais
O primeiro dia de saídas no mercado de ETFs de Solana representa uma consolidação natural após três semanas de entradas ininterruptas, em vez de uma mudança fundamental no sentimento institucional. O resgate de US$ 8,10 milhões é modesto em relação aos US$ 613 milhões em fluxos acumulados e pode refletir realização de lucros de curto prazo ou rebalanceamento após a queda de 30% de SOL no mês. Mais relevante é o padrão de alocação seletiva de capital entre os ETFs de cripto, com produtos de Ethereum e XRP captando a maior parte dos novos investimentos enquanto os fluxos de Bitcoin permanecem contidos.
A entrada iminente da Franklin Templeton adiciona pressão competitiva que pode beneficiar investidores por meio de taxas mais baixas e maior variedade de produtos. O sucesso da empresa com seu ETF de XRP, que atraiu quase US$ 70 milhões nos dois primeiros dias de negociação, demonstra que gestoras estabelecidas podem rapidamente ganhar participação no segmento de ETFs de altcoins. Se o produto de Solana da Franklin Templeton repetir esse desempenho, os ativos totais em ETFs de Solana podem ultrapassar US$ 1 bilhão no início de dezembro.
A divergência entre os fluxos de ETFs de Solana e o desempenho de preço do token subjacente destaca que produtos institucionais não garantem valorização imediata. SOL tem sido negociado em uma faixa de consolidação entre US$ 125 e US$ 145, apesar das entradas constantes em ETFs, sugerindo que a demanda de traders de varejo e a atividade on-chain ainda são o principal motor do preço no curto prazo. Analistas identificaram resistência-chave em US$ 145, com uma possível quebra abrindo espaço para a faixa de US$ 155 a US$ 175 caso as condições mais amplas de mercado melhorem.
A sustentabilidade da demanda por ETFs de Solana dependerá de vários fatores: a capacidade da rede de manter alta vazão sem interrupções, o crescimento contínuo em DeFi e em aplicações de tokenização de ativos do mundo real, os desdobramentos regulatórios que afetem redes de prova de participação (proof-of-stake) e a concorrência de outras blockchains de camada 1. Preocupações recentes com congestionamento na rede após o incidente de segurança da Upbit no fim de novembro podem ter contribuído para uma cautela institucional seletiva, embora o impacto pareça limitado, dado que apenas um fundo registrou saídas significativas.
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