Binance, a maior bolsa de criptomoedas do mundo por volume, está enfrentando críticas crescentes de figuras proeminentes na comunidade cripto após colocar o token focado em privacidade Zcash (ZEC) em uma lista de candidatos para possível remoção.
O movimento foi parte de uma votação de usuários que também incluiu ativos controversos como o token FTT da extinta FTX e a plataforma centrada em dados JASMY.
Zcash, com uma capitalização de mercado atual de aproximadamente $500 milhões, viu seu preço cair 3,1% após o anúncio, sendo negociado em torno de $31,26 no momento da reportagem. A proposta desencadeou um debate sobre o papel da privacidade no cripto e se as bolsas centralizadas estão cedendo à pressão regulatória em detrimento dos princípios fundamentais do cripto.
A decisão provocou uma resposta rápida de veteranos da indústria. Zooko Wilcox, fundador do Zcash, dirigiu-se publicamente ao CEO da Binance, Richard Teng, em um post contundente no X (antigo Twitter), afirmando: "Você está considerando remover o Zcash!? Que tipo de mundo você está criando? Você quer que seus filhos cresçam em paz e prosperidade, ou um episódio de Black Mirror?"
Outras vozes líderes ecoaram a preocupação. Barry Silbert, fundador do Digital Currency Group, manifestou apoio ao Zcash e decepção com a posição da Binance, enquanto o CTO da Ledger, Charles Guillemet, e o cofundador da Cosmos, Ethan Buchman, destacaram a importância de preservar a privacidade dos usuários dentro dos ecossistemas de blockchain.
No cerne da questão está a tensão contínua entre tecnologias de privacidade e o escrutínio regulatório. Moedas de privacidade como Zcash, Monero e Dash há muito estão sob o microscópio devido ao seu potencial uso em atividades financeiras ilícitas. Em 2022, um documento vazado da União Europeia revelou propostas para banir moedas de privacidade por completo, citando preocupações com lavagem de dinheiro.
A Binance, que opera globalmente, tem se deparado cada vez mais com cenários regulatórios complexos. Remover moedas de privacidade tornou-se mais comum entre as bolsas que buscam permanecer em conformidade em jurisdições mais rigorosas. Nos últimos anos, a Binance removeu ou limitou o acesso a tokens de privacidade em países com fiscalização mais rigorosa.
No entanto, a resistência à inclusão do Zcash na lista de remoção reflete uma divisão filosófica mais ampla dentro do cripto - entre os ideais de descentralização e privacidade, e as realidades comerciais de plataformas centralizadas operando sob restrições legais.
Complicando a narrativa está a recente mudança regulatória nos EUA, onde sanções contra Tornado Cash - um protocolo de privacidade anteriormente mirado por facilitar transações ilícitas - foram levantadas no mês passado. O desenvolvimento reacendeu argumentos de que ferramentas de privacidade podem ser usadas de maneira ética e legal dentro do sistema financeiro.
À medida que o debate se desenrola, o destino do Zcash na Binance permanece incerto, mas a resposta da indústria sugere que qualquer decisão final terá implicações mais amplas sobre como a privacidade é tratada dentro do ecossistema de bolsas centralizadas.