O recente anúncio do Telegram de suportar exclusivamente The Open Network (TON) para seu ecossistema de Mini Apps gerou descontentamento na comunidade. Em 21 de janeiro, o Telegram nomeou a TON Foundation como seu único parceiro de blockchain, limitando a rede suportada à TON e ao Toncoin como o token exclusivo para compras dentro do app.
Este desenvolvimento incitou debate entre entusiastas do Web3. Críticos argumentam que a abordagem exclusiva da TON pelo Telegram pode dificultar a inovação em blockchain, citando preocupações sobre a liquidez limitada da TON e a tecnologia emergente.
Ilya Abugov, diretor da Helika Ventures, disse ao Cointelegraph que a decisão, embora esperada devido ao crescente alinhamento do Telegram com a TON, foi anunciada abruptamente e oferece uma postura distintamente protecionista. Abugov destacou que a liquidez limitada da TON impõe desafios para desenvolvedores de jogos que desejam lançar tokens nativos, impactando, por fim, o progresso do blockchain.
As exchanges centralizadas mostraram interesse mínimo em projetos da TON. Por exemplo, o Bybit parcialmente deslistou o Hamster Kombat (HMSTR) em 17 de janeiro devido a preocupações de liquidez. Os planos do Hamster Kombat de desenvolver seu próprio blockchain agora são incertos após a parceria exclusiva da TON com o Telegram. Tentativas de contato com a empresa para comentários não tiveram sucesso.
Abugov destacou ainda que a integração exclusiva da TON no ecossistema Web3 do Telegram pode levar a problemas de estabilidade para a rede, dado seu estágio de desenvolvimento.
Garrison Yang, cofundador da Mirai Labs, ecoou essas opiniões, sugerindo que a abordagem exclusiva da TON poderia limitar o potencial do Telegram no espaço cripto, afetando tanto o desempenho quanto as oportunidades de receita. Segundo Yang, "a TON fica atrás de plataformas como a Solana em desempenho", e a adoção pelo Telegram de uma "estratégia terra arrasada" poderia forçar desenvolvedores a atuarem exclusivamente na infraestrutura da TON, uma abordagem que ele considera insustentável.
A Ice Open Network criticou a estratégia do Telegram, afirmando que contraria o ethos fundamental do Web3 e destaca as tendências centralizadoras da TON. Em um post de 22 de janeiro, eles compararam a exclusividade da TON às práticas de grandes plataformas tecnológicas que restringem usuários a ecossistemas fechados, contrastando isso com a descentralização proclamada do Web3.
Apesar das alegações do Telegram e da TON de apoiar liberdade e descentralização, esse movimento despertou críticas. Em uma entrevista de maio, o CEO do Telegram, Pavel Durov, enfatizou que o Telegram oferece aos desenvolvedores mais liberdade do que outras plataformas, uma promessa agora questionada.
Comentando sobre a situação, Abugov sugeriu que uma abordagem "TON-first" poderia ter amenizado os desafios atuais promovendo liquidez de terceiros e aplicativos financiados por outros blockchains. Ele argumentou que o Telegram parece apreensivo em perder usuários para outras cadeias, um medo levando a decisões prematuras que agora dificultam a atração de liquidez.