Nas primeiras horas de 20 de setembro, a exchange de criptomoedas de Singapura BingX confirmou que houve uma violação de segurança. O incidente resultou em "perda menor de ativos", de acordo com funcionários da empresa. Mas especialistas já disseram que isso poderia ter levado ao roubo de milhões de dólares. Esse não é o primeiro grande hack de exchanges de criptomoedas em anos.
À medida que o mercado aumentava em valor, também aumentavam os riscos associados. Hackers estão atrás de exchanges de criptomoedas centralizadas porque elas são a porta de entrada para o mundo dos ativos digitais. Essas plataformas guardam bilhões em fundos de usuários, tornando-as tão atraentes quanto os bancos tradicionais eram em tempos anteriores para os cibercriminosos. As criptomoedas são descentralizadas, e diferentes exchanges têm diferentes níveis de segurança. Isso levou a alguns dos maiores roubos da história do dinheiro.
O aumento nos hacks de exchanges mostra uma verdade significativa sobre criptomoedas: a tecnologia blockchain é elogiada por ser segura, mas os lugares onde os usuários armazenam e negociam seus ativos ainda estão abertos a ataques. Muitos desses hacks aproveitaram buracos nos protocolos de segurança, erros no código ou mesmo descuidos por parte dos funcionários. Milhões de dólares foram roubados como resultado, o que prejudicou a confiança pública e fez as pessoas questionarem se as criptomoedas algum dia serão amplamente utilizadas sem uma infraestrutura melhorada.
Enquanto o escândalo BingX se desenrola, vamos olhar para os 10 maiores hacks em exchanges de criptomoedas dos últimos anos e discutir as falhas técnicas, efeitos financeiros e lições aprendidas.
1. Mt. Gox (2014) – A Queda do Gigante
A exchange japonesa Mt. Gox dominava as transações de Bitcoin no início dos anos 2010. Foi o local do que é provavelmente o hack mais famoso na história das criptomoedas.
A exchange gerenciava mais de 70% de todas as transações de Bitcoin ao redor do mundo em seu momento mais movimentado. Muitas pessoas ficaram assustadas quando a Mt. Gox parou de operar de repente em fevereiro de 2014. Logo depois, a exchange declarou falência e disse que 850,000 BTC, que valiam $450 milhões na época, haviam sido roubados. Em dinheiro de hoje, esse montante seria de bilhões. Então, mesmo 10 anos depois, a história soa bastante assustadora.
O ataque se desenrolou ao longo de vários anos. Hackers retiraram aos poucos Bitcoin das carteiras da Mt. Gox aproveitando as falhas nas carteiras quentes da empresa e as más práticas de segurança interna. O principal problema era uma fraqueza no sistema de verificação de transações da exchange. Essa fraqueza, chamada de "maliabilidade de transações", permitiu que os ladrões mudassem IDs de transações e roubassem dinheiro sem serem detectados.
Mark Karpeles, que era CEO da Mt. Gox, foi posteriormente pego e acusado de roubo. O hack ainda é lembrado como uma lição no mundo cripto porque mostrou o quão perigoso pode ser quando a gestão é ruim e a segurança não é forte o suficiente. Algumas das Bitcoins roubadas foram encontradas.
2. Coincheck (2018) – O Roubo de $500 Milhões em NEM
Mais de $500 milhões em tokens NEM (XEM) foram roubados da exchange Coincheck, com sede no Japão, em janeiro de 2018.
As transações em NEM são mais complicadas do que as de Bitcoin, pois precisam ser aprovadas por mais de uma pessoa. Mas isso não ajudou. Como assim? Bem, infelizmente, a Coincheck manteve a maioria do seu NEM em "carteiras quentes”. Aquelas que estão online e podem ser hackeadas, relativamente facilmente.
Os hackers infiltraram-se nos servidores da Coincheck e chegaram à carteira quente da exchange. Uma grande falha de segurança na exchange foi que carteiras multiassinaturas não foram usadas para tal quantidade de ativos. Uma vez dentro, os hackers moveram o NEM para diferentes contas. Embora a tecnologia blockchain não possa ser alterada, a Coincheck não conseguiu reverter as transações porque o NEM é descentralizado.
A abertura do blockchain da NEM ajudou a polícia a encontrar parte do dinheiro roubado, mas ainda falta muito. Por causa do hackeamento, a Coincheck teve que reembolsar os usuários afetados do próprio bolso. Isso levou a uma supervisão mais rigorosa das exchanges no Japão pelo governo.
3. Bitfinex (2016) – O Enigma Multiassinatura
O Bitfinex foi uma das maiores exchanges de criptomoedas em agosto de 2016, quando um hack roubou 120,000 BTC, ou cerca de $72 milhões.
Uma empresa de segurança blockchain chamada BitGo forneceu ao Bitfinex um sistema de carteira multiassinatura. No entanto, este esquema foi encontrado com vulnerabilidades devido ao hack.
Os hackers violaram a segurança do Bitfinex e chegaram às suas carteiras quentes. Falhas de segurança na gestão de chaves do Bitfinex e erros de codificação na implementação multiassinatura foram as razões pelas quais os hackers conseguiram acesso, como foi descoberto mais tarde.
Tanto o impacto financeiro quanto a gestão subsequente do hack Bitfinex são dignos de nota. Para representar os fundos perdidos, a exchange criou um token (BFX) que os usuários poderiam negociar ou manter até que as finanças da exchange melhorassem. Embora o Bitfinex tenha compensado os clientes impactados, o episódio lançou dúvidas sobre a segurança das exchanges centralizadas e a utilidade das carteiras multiassinaturas.
4. Binance (2019) – Um Alvo Grande Demais para Falhar
Em maio de 2019, um grande ataque ocorreu na Binance, uma das maiores exchanges de criptomoeda em termos de volume. No momento do ataque, 7,000 BTC—equivalentes a cerca de $40 milhões— foram roubados. E isso foi um grande evento na indústria cripto, para dizer o mínimo.
Os hackers usaram uma combinação de phishing, vírus e outras técnicas sofisticadas para obter um grande número de chaves de API de usuários, códigos 2FA e possivelmente outras informações que poderiam ajudar a se infiltrar nos sistemas internos da gigante exchange de criptomoedas.
Devido aos métodos sofisticados usados, o hack da Binance se destaca. O hack foi realizado de forma muito organizada pelos atacantes, que retiraram o Bitcoin em uma única e rápida transação que acionou alarmes.
As retiradas foram interrompidas imediatamente e uma resposta de emergência foi iniciada pela Binance. Felizmente para seus usuários, as perdas foram cobertas pelo fundo SAFU (Fundo de Ativos Seguros para Usuários) da Binance, que foi especificamente estabelecido para essas emergências.
Embora os sistemas de segurança da plataforma tenham sido comprometidos, os protocolos da Binance permitiram que minimizassem o dano e recuperassem-se rapidamente, de acordo com Changpeng Zhao, CEO da Binance, que posteriormente abordou o incidente.
A violação demonstrou que nenhuma plataforma está segura de ciberataques que estão em constante evolução.
5. KuCoin (2020) – O Roubo de $275 Milhões
Um ataque ocorreu em setembro de 2020 na exchange KuCoin de Singapura, e aproximadamente $275 milhões em Ethereum, Bitcoin e tokens ERC-20 foram roubados.
Mais uma vez, as carteiras quentes da exchange foram comprometidas, demonstrando os perigos de manter ativos substanciais online.
Tanto a quantidade roubada quanto a reação rápida da KuCoin tornaram o ataque notável. Uma parte significativa dos fundos roubados foi rapidamente congelada pela exchange, que colaborou com equipes de projetos e empresas de blockchain. No final, mais de $200 milhões dos fundos saqueados foram devolvidos.
A resposta da KuCoin demonstrou como as medidas de segurança cripto estão se tornando avançadas, especialmente a capacidade de trabalhar com projetos de blockchain para parar ou desfazer a transferência de dinheiro roubado.
Mas isso gerou uma discussão mais ampla sobre os perigos das exchanges centralizadas e trouxe atenção à necessidade de melhor segurança em carteiras quentes.
6. NiceHash (2017) – O Hack de Mineração de $64 Milhões
O mercado de mineração de criptomoedas NiceHash, na Eslovênia, sofreu um ataque em dezembro de 2017, resultando no roubo de 4,700 BTC, que na época valiam cerca de $64 milhões.
Depois de roubar dinheiro do NiceHash, os perpetradores provavelmente usaram engenharia social para acessar os sistemas internos da empresa.
Ao contrário dos hacks mais típicos, este atacou uma plataforma de mineração.
Usuários do NiceHash, que haviam alugado seu poder de computação para outros em troca de Bitcoin, sofreram grandes perdas. Em resposta, a empresa congelou todas as operações e lançou uma investigação exaustiva.
Embora o NiceHash eventualmente tenha pago os usuários afetados, o incidente demonstrou quão suscetível é todo o ecossistema de criptomoedas, incluindo plataformas de mineração.
7. Liquid (2021) – A Exploração de $94 Milhões
A exchange Liquid, do Japão, perdeu mais de $94 milhões em Bitcoin, Ethereum e outras criptomoedas em um ataque que ocorreu em agosto de 2021.
Os ativos da Liquid foram transferidos para vários endereços depois que hackers ganharam acesso às suas carteiras quentes. Assim que percebeu que poderia perder mais dinheiro, a exchange transferiu o dinheiro para carteiras frias.
Depois disso, a Liquid colaborou com outras exchanges para interromper todas as transações na tentativa de identificar os ladrões e, idealmente, recuperar seus fundos roubados. Embora uma parte dos fundos tenha sido recuperada, o incidente ressaltou as preocupações persistentes sobre a suscetibilidade das carteiras quentes e as dificuldades de segurança de ativos digitais em tempo real.
8. Cryptopia (2019) – A Queda de um Pequeno Gigante
Apesar de seu tamanho modesto, a exchange de criptomoedas neozelandesa Cryptopia gozava de grande respeito entre seus usuários.
Um hack em janeiro de 2019 comprometeu a exchange, roubando cerca de $16 milhões em criptomoedas. A Cryptopia teve que parar todas as operações após o hack e a exchange faliu.
Porque a Cryptopia tinha pouco dinheiro para pagar às vítimas, o hack foi especialmente ruim para elas. Os fundos inteiros de vários usuários foram perdidos. Os procedimentos internos da exchange e a gestão de risco foram postos em questão após as investigações revelarem numerosas falhas de segurança.
9. Zaif (2018) – O Hack de $60 Milhões
O hack que ocorreu em setembro de 2018 na exchange de criptomoedas Zaif, no Japão, resultou no roubo de aproximadamente $60 milhões em Bitcoin, Bitcoin Cash e MonaCoin.
Após violarem as carteiras quentes da exchange, os hackers conseguiram movimentar os fundos ao redor. Here is the translated content from English to Portuguese while skipping the translation of markdown links:
Para recuperar algumas de suas perdas, a Tech Bureau, empresa-mãe da Zaif, vendeu uma participação controladora no negócio para a Fisco, outro fornecedor japonês de serviços financeiros. Como resultado do ataque, a Zaif teve que interromper temporariamente as operações, e o governo japonês começou a apertar o cerco contra as bolsas de criptomoedas.
10. Bitmart (2021) – Violação da Hot Wallet de $150 Milhões
Em dezembro de 2021, ocorreu um grande ataque na Bitmart, uma bolsa de bitcoin conhecida mundialmente. Dinheiro dos usuários, no valor de quase $150 milhões, foi roubado no ataque. Carteiras quentes para tokens de Binance Smart Chain (BSC) e Ethereum (ETH) na bolsa foram os pontos fracos que permitiram que o ataque acontecesse. Os hackers conseguiram fazer qualquer coisa que quisessem com a criptomoeda armazenada nas carteiras da Bitmart depois de terem acesso às chaves das carteiras da bolsa.
Foi um dos truques mais complexos dos atacantes instalar retiradas automáticas para muitos tokens, como Safemoon, Shiba Inu (SHIB) e outros.
A empresa de segurança PeckShield foi a primeira a notar as transações estranhas e avisou a todos sobre elas. Logo depois, o CEO da Bitmart, Sheldon Xia, confirmou o ataque e interrompeu retiradas e depósitos no site até que pudessem avaliar os danos.
A Bitmart rapidamente informou seus usuários que cobriria suas perdas com seus próprios recursos.
Como outros ataques, o ataque à Bitmart destacou os grandes problemas de segurança associados ao armazenamento de carteiras quentes. Qualquer coisa que esteja sempre conectada à internet está suscetível a ataques.
No entanto, há mais do que isso.
Ataques como este fazem as pessoas questionarem a confiabilidade das bolsas centralizadas e a capacidade delas de proteger o dinheiro dos usuários.
Devido ao ocorrido, muitas pessoas chegaram à conclusão de que a segurança precisa ser reforçada e o armazenamento de carteira fria precisa se tornar mais popular para que problemas semelhantes não aconteçam novamente.