WhiteBIT, a maior bolsa de criptomoedas da Europa por tráfego, assinou um acordo de cooperação estratégica com a Durrah AlFodah Holding para liderar a expansão da Arábia Saudita na tecnologia blockchain, finanças digitais e infraestrutura nacional de dados em um acordo que pode remodelar o cenário financeiro do Reino.
O acordo, representado por Sua Alteza Real o Príncipe Naif Bin Abdullah Bin Saud Bin Abdulaziz Al Saud, posiciona a exchange fundada na Ucrânia para desempenhar um papel central em alguns dos projetos de transformação digital mais ambiciosos da Arábia Saudita, incluindo o desenvolvimento de uma estrutura de moeda digital de banco central e a tokenização do mercado de ações.
A parceria foi facilitada pela Seaside Arabia, que atuou como consultora estratégica e especialista em assuntos durante as negociações. Ambas as partes declararam sua intenção de formar uma joint venture para gerenciar e expandir as iniciativas ao longo do tempo. A cooperação estabelece uma base para três grandes projetos em escala nacional que se alinham com os pilares estratégicos do plano de diversificação econômica Visão 2030 da Arábia Saudita.
Primeiro, os parceiros planejam buscar a tokenização do mercado de ações, introduzindo títulos digitais baseados em blockchain projetados para aumentar a transparência, acessibilidade e liquidez no mercado financeiro saudita. Segundo, o acordo inclui o desenvolvimento de estrutura de CBDC, apoiando a pesquisa e o design de infraestrutura para um ecossistema de moeda digital soberana. Terceiro, os parceiros trabalharão em centros nacionais de computação e mineração de dados, construindo instalações seguras para processamento de dados, computação blockchain e mineração de ativos digitais.
Essas iniciativas se baseiam na experimentação existente da Arábia Saudita com tecnologia blockchain. O Banco Central da Arábia Saudita vem explorando ativamente as CBDCs desde 2019, quando conduziu o Projeto Aber em colaboração com os Emirados Árabes Unidos para examinar o potencial do blockchain para pagamentos transfronteiriços. O banco central anunciou em 2023 que continua a experimentar com um projeto de CBDC em fases envolvendo bancos locais e empresas de fintech.
Papéis e Responsabilidades
Nos termos do acordo, as duas partes dividirão as responsabilidades conforme suas respectivas forças. A Durrah AlFodah Holding facilitará a entrada da WhiteBIT no mercado saudita, incluindo o engajamento regulatório e o desenvolvimento de parcerias em todo o Reino. A empresa saudita cuidará dos requisitos legais e coordenará com os reguladores para os serviços de blockchain da WhiteBIT.
A WhiteBIT, por sua vez, fornecerá expertise tecnológica e design de infraestrutura para apoiar os objetivos estabelecidos no acordo. A exchange traz recursos significativos para a parceria, incluindo um histórico de desenvolvimento de serviços institucionais e certificações de segurança que estão entre os mais altos do setor.
A colaboração prevê a formação de uma empresa de joint venture que atuaria como um organismo central para fornecer as soluções de infraestrutura digital e blockchain em nível nacional delineadas no acordo.
Presença Global da WhiteBIT
A WhiteBIT faz parte do W Group, que atende mais de 35 milhões de usuários em todo o mundo. A própria bolsa tem aproximadamente 8 milhões de usuários registrados e registrou um volume de negociação anual de US$ 2,7 trilhões em 2024. Fundada em 2018 em Kharkiv, Ucrânia, a plataforma cresceu para se tornar a maior bolsa de cripto centralizada da Europa por tráfego.
A exchange oferece mais de 900 pares de negociação e 340 ativos digitais, suportando transações em nove moedas fiduciárias. Ela se tornou a primeira bolsa no mundo a alcançar a certificação de Nível 3 sob o Padrão de Segurança de Criptomoeda em dezembro de 2024. A WhiteBIT mantém parcerias com Visa, FC Barcelona, Trabzonspor, FACEIT e a seleção nacional de futebol da Ucrânia.
Em 2025, a empresa perseguiu uma expansão internacional agressiva, garantindo a autorização de provedores de serviço de ativos virtuais na Itália, Croácia e Cazaquistão, e lançando operações na Austrália.
Volodymyr Nosov, fundador e presidente do W Group, destacou a importância da parceria saudita. "É uma honra trabalhar junto à Holding de Sua Alteza Real o Príncipe Naif Bin Abdullah Bin Saud para construir as bases da transformação digital da Arábia Saudita", afirmou Nosov. "Juntos, buscamos estabelecer sistemas de blockchain seguros e soberanos que moldarão o futuro tecnológico do Reino."
Ambições Digitais da Arábia Saudita
O acordo chega enquanto a Arábia Saudita intensifica seus esforços para se tornar um líder regional em blockchain e finanças digitais. O Reino integrou ativos digitais em sua estratégia Visão 2030, que busca diversificar a economia e reduzir a dependência da receita de petróleo.
O Banco Central da Arábia Saudita nomeou um "Chief Crypto" e lançou um sandbox regulatório ativo para explorar aplicações de blockchain em setores como logística, imóveis e serviços financeiros. O país também se juntou ao projeto mBridge do Banco de Compensações Internacionais, integrando-se ainda mais nas plataformas globais de CBDC.
O interesse comercial por blockchain disparou. Até o final de 2024, a Arábia Saudita experimentou um crescimento de 51% no registro comercial de blockchain, com mais de 4.000 empresas registradas nesse espaço. O número de registros empresariais válidos no Reino atingiu 1,72 milhão, com um crescimento de 34% nos registros de inteligência artificial ocorrendo junto com a expansão do blockchain.
Este momentum reflete uma tendência regional mais ampla. Os países do Conselho de Cooperação do Golfo emergiram como um dos campos de batalha mais dinâmicos para a regulamentação de ativos digitais e desenvolvimento de CBDCs, com os Emirados Árabes Unidos amplamente reconhecidos como a jurisdição de ativos virtuais mais avançada do Oriente Médio.
Considerações Finais
A parceria com a WhiteBIT sinaliza uma crescente abertura na Arábia Saudita em relação à infraestrutura de criptografia, embora o ambiente regulatório continue cauteloso em comparação com alguns vizinhos regionais. O país ainda não estabeleceu um regime específico de licenciamento para provedores de serviços de ativos virtuais, embora diretrizes de projeto estejam em discussão e regulamentos formais sejam esperados até o final de 2025.
Para a WhiteBIT, o acordo representa uma grande expansão em um dos mercados emergentes mais significativos do mundo para finanças digitais. A grande população da Arábia Saudita, sua substancial riqueza soberana e seu ambicioso programa de modernização a tornam um destino atraente para empresas de blockchain que buscam oportunidades de implementação em escala institucional.
O acordo também destaca a disposição do Reino de trabalhar com parceiros internacionais para acelerar sua transformação digital, em vez de tentar construir todas as capacidades internamente. Ao se associar a uma exchange europeia estabelecida que já navegou em ambientes regulatórios complexos e escalou sua infraestrutura para lidar com volumes de negociação na casa dos trilhões, a Arábia Saudita ganha acesso imediato a expertise comprovada.
Ambas as partes afirmaram que o acordo reforça uma visão compartilhada de tornar a Arábia Saudita um centro regional para a inovação em blockchain, finanças digitais e soberania de dados. Se os projetos planejados avançarem com sucesso, eles podem posicionar o Reino como um concorrente sério aos Emirados Árabes Unidos na atração de investimento e talento em blockchain para a região do Golfo.
A parceria surge em um momento em que a competição global pela liderança em blockchain está se intensificando. Mais de 130 países, representando mais de 98% do PIB global, agora exploram o desenvolvimento de CBDCs. A China avançou mais com seu yuan digital, enquanto mercados emergentes de Índia a Brasil estão avançando em seus próprios pilotos.
Para a Arábia Saudita, o acordo com a WhiteBIT representa um passo concreto para garantir que o país não fique para trás nesse cenário em rápida evolução, ao mesmo tempo em que mantém o controle soberano e a supervisão regulatória que sua abordagem conservadora à inovação financeira exige.

