Dois Bitcoin mining pools assumiram controle de mais de 51% do poder computacional total da rede, segundo executivos da indústria que alertam que essa concentração pode possibilitar ataques que minam o modelo de segurança da criptomoeda. O desenvolvimento gerou comparações com uma crise semelhante em 2014 que precedeu uma significativa queda de mercado.
O que saber:
- Dois pools de mineração agora controlam mais de 51% do hashrate do Bitcoin, criando potenciais para ataques à rede
- A última vez que isso ocorreu foi em 2014 com a GHash.io, seguido por uma queda de 87% no preço do Bitcoin
- Analistas da indústria sugerem que grandes investidores podem estar se preparando para sair de posições de Bitcoin em meio a preocupações de centralização
Precedente histórico levanta alarme
Jacob King, CEO da WhaleWire, divulgou os números de concentração em uma postagem em mídia social, afirmando que o controle combinado dos dois pools cria condições para um possível ataque de 51%. Tal ataque poderia permitir que as partes controladoras revertessem transações, impedissem novas transações de serem confirmadas ou paralisassem efetivamente as operações da rede.
A situação espelha eventos de 2014, quando o pool de mineração GHash.io acumulou controle semelhante sobre a rede Bitcoin.
Esse incidente gerou preocupação generalizada dentro da comunidade de criptomoedas e forçou a GHash.io a reduzir voluntariamente seu poder de mineração. Apesar da cooperação do pool, o preço do Bitcoin caiu mais de 87% nos meses subsequentes.
A GHash.io enfrentou ataques sustentados de negação de serviço distribuída e intensa crítica de defensores do Bitcoin antes de encerrar suas operações em 2015. King argumenta que a situação atual representa uma repetição desse padrão, com riscos de centralização tornando-se cada vez mais aparentes apesar das tentativas anteriores de minimizar tais preocupações.
Impacto no mercado e resposta dos investidores
King sugere que a concentração de mineração pode servir como um catalisador para o que ele descreve como uma correção significativa do mercado. Dados de negociação de balcão indicam que grandes detentores de Bitcoin já estão reposicionando seus investimentos em antecipação a uma potencial disrupção do mercado.
O executivo da WhaleWire referenciou especificamente Michael Saylor, cuja empresa MicroStrategy detém reservas substanciais de Bitcoin, sugerindo que até mesmo proeminentes defensores do Bitcoin podem estar reconsiderando suas posições. King afirma que Saylor desenvolveu planos de contingência para reduzir sua exposição ao Bitcoin, embora essas alegações permaneçam não verificadas.
De acordo com a análise de King, a estrutura atual do mercado de criptomoedas depende de três fatores principais: fluxos de entrada de stablecoins, entusiasmo de investidores de varejo e narrativas promocionais de maximalistas do Bitcoin. Ele alerta que o reconhecimento dos riscos de centralização pode desestabilizar esses elementos de suporte rapidamente.
Análise Técnica e Projeções de Preço
O analista de mercado Fiege_max avaliou separadamente a trajetória de preço do Bitcoin, estimando uma probabilidade de 85% de que a criptomoeda atinja seu valor máximo em $123,000. O analista expressa confiança crescente de que o Bitcoin tenha completado seu ciclo de alta atual.
Diferente do ciclo de mercado de 2021, o período atual não tem apresentado um rali amplo entre as criptomoedas alternativas.
Fiege_max observa que, enquanto o Bitcoin manteve um impulso ascendente consistente ao longo do ano, o mercado de criptomoedas mais amplo mostrou diferentes dinâmicas. O analista aconselha os traders a estabelecer estratégias de saída ao invés de permitir que expectativas de lucro influenciem a tomada de decisões.
Fiege_max esclarece que sua avaliação não prevê um colapso imediato do mercado ou declínios lineares de preços. Em vez disso, ele defende expectativas realistas à medida que as condições de mercado mudam do que ele caracteriza como um ambiente de negociação fácil para uma fase mais desafiadora.
Entendendo a Terminologia da Mineração de Criptomoedas
A mineração de Bitcoin envolve processos computacionais que validam transações e protegem a rede. O hashrate mede o poder computacional total dedicado às operações de mineração, geralmente expresso em hashes por segundo. Pools de mineração combinam os recursos de mineradores individuais para aumentar suas chances de ganhar recompensas e distribuem os lucros entre os participantes.
Um ataque de 51% ocorre quando uma única entidade ou grupo coordenado controla mais da metade do poder de mineração de uma rede.
Esse controle majoritário teoricamente permite que atacantes manipulem registros de transações, revertam transações concluídas ou impeçam o processamento de novas transações. Esses ataques representam ameaças fundamentais à segurança e à confiabilidade das redes blockchain.
O termo "maximalistas do Bitcoin" refere-se a defensores que acreditam que o Bitcoin representa a criptomoeda superior e frequentemente desconsideram ativos digitais alternativos. Stablecoins são criptomoedas projetadas para manter valores estáveis, geralmente atreladas a moedas fiduciárias como o dólar americano.
Considerações Finais
A concentração do poder de mineração de Bitcoin em dois pools reviveu preocupações sobre a descentralização da rede que já emergiram em 2014. Observadores da indústria estão monitorando se este desenvolvimento desencadeará reações de mercado semelhantes à significativa queda que se seguiu à crise de centralização anterior, enquanto alguns analistas sugerem que grandes investidores já estão ajustando suas posições em resposta a esses riscos.