JPMorgan Chase garantiu acordos com intermediários fintech que representam mais de 95% das solicitações de dados de terceiros para contas de seus clientes, marcando uma mudança significativa na forma como os bancos cobrarão pelo acesso a informações financeiras dos consumidores. O maior banco do país finalizou contratos com Plaid, Yodlee, Morningstar e Akoya após semanas de negociações que resultaram em taxas mais baixas do que as inicialmente propostas.
O que Saber:
- JPMorgan Chase negociou acordos com intermediários fintech para cobrar taxas pelo acesso a dados de clientes, revertendo anos de acesso gratuito ao sistema para empresas como Plaid que conectam apps a contas bancárias.
- Os acordos afetam mais de 95% das solicitações de dados para contas JPMorgan e podem estabelecer um modelo de preços que outros grandes bancos adotarão em toda a indústria.
- Os acordos surgiram após a administração Trump ter decidido anular uma regra da era Biden que exigia que os bancos compartilhassem dados de clientes sem custo, criando incerteza regulatória que levou as empresas fintech a aceitar taxas negociadas.
JPMorgan Fecha Acordos de Acesso a Dados
O porta-voz do JPMorgan, Drew Pusateri, confirmou que o banco completou contratos atualizados com os intermediários fintech. Os acordos seguiram intensas negociações entre o banco e empresas que facilitam conexões entre instituições financeiras tradicionais e aplicativos de terceiros.
"Chegamos a acordos que tornarão o ecossistema de open banking mais seguro e sustentável e permitirão que os clientes continuem acessando de forma confiável e segura seus produtos financeiros favoritos", disse Pusateri. "O mercado livre funcionou."
Os contratos estabelecem estruturas de pagamento para acesso a dados que intermediários fintech historicamente recebiam sem cobrança. Por anos, empresas como Plaid operaram sem pagar aos bancos quando os clientes autorizavam apps como o Robinhood a acessar saldos de contas ou iniciar transferências. JPMorgan concordou em reduzir suas exigências iniciais de preço durante o processo de negociação, enquanto os intermediários fintech garantiram compromissos sobre como o banco lidará com solicitações de dados, de acordo com pessoas familiarizadas com as discussões.
Nem o banco nem as empresas fintech divulgaram os termos do contrato. A duração dos acordos e valores específicos de taxas permanecem confidenciais.
Precedente da Indústria e Reação
Os acordos posicionam o JPMorgan para influenciar os padrões da indústria para precificação de acesso a dados. Espera-se que outras instituições financeiras implementem estruturas de taxas semelhantes, de acordo com analistas regulatórios que acompanham o setor bancário.
"O JPMorgan tende a ser um ditador de tendências. Eles são como o líder do grupo, então é justo esperar que o restante dos grandes bancos siga", disse Brian Shearer, diretor de concorrência e política regulatória no Vanderbilt Policy Accelerator.
Shearer, que anteriormente trabalhou no Consumer Financial Protection Bureau como diretor sob o ex-diretor Rohit Chopra, expressou preocupação de que o desenvolvimento poderia impedir a formação de startups e aumentar os custos para os consumidores.
Os acordos surgiram em meio a um fluxo regulatório. O CFPB da administração Biden finalizou uma "regra de open banking" no final de 2024 exigindo que os bancos compartilhassem dados dos clientes com empresas financeiras sem custo. Os bancos contestaram a regulamentação na justiça. Posteriormente, a administração Trump pediu a um tribunal federal que anulasse a regra em maio, deslocando a vantagem para instituições financeiras tradicionais.
JPMorgan informou então aos intermediários que começaria a cobrar taxas que observadores da indústria estimavam que poderiam atingir centenas de milhões de dólares anualmente.
Executivos de fintech, criptomoeda e capital de risco criticaram a medida como "comportamento anticompetitivo e de busca de aluguel" que ameaçava a inovação e o acesso dos consumidores a aplicativos financeiros.
As empresas de fintech aceitaram as taxas negociadas em parte por causa da incerteza em torno da abordagem revisada do CFPB sobre as regulamentações de open banking, de acordo com um investidor de capital de risco que pediu anonimato para discutir empresas de seu portfólio. O atual ambiente regulatório torna incerto se as regras eventuais favorecerão bancos ou empresas de tecnologia.
Compreendendo Disputas de Open Banking
Open banking refere-se a sistemas que permitem que provedores de serviços financeiros de terceiros acessem dados bancários de consumidores quando autorizado pelos titulares das contas. A prática permite que aplicativos ofereçam serviços que vão desde ferramentas de orçamento até plataformas de investimento sem exigir que os usuários insiram manualmente as informações financeiras.
Agregadores de dados servem como intermediários nesse ecossistema. Essas empresas mantêm conexões técnicas com bancos e fornecem pontos de acesso padronizados para aplicativos fintech. Quando um consumidor vincula uma conta bancária a um app, o agregador recupera as informações solicitadas dos sistemas da instituição financeira.
Os bancos argumentaram que arcam com custos crescentes para manter a infraestrutura que processa volumes crescentes de solicitações de dados de agregadores e seus clientes.
Instituições financeiras também citaram preocupações com fraude e exposição de responsabilidade ao compartilhar acesso às contas. Empresas de tecnologia e defensores dos consumidores contra-argumentaram que a regra de 2024 do CFPB deu adequadamente aos consumidores controle sobre seus dados financeiros enquanto promovia a concorrência.
Quando JPMorgan e Plaid anunciaram seu acordo de setembro, ambas as empresas emitiram uma declaração conjunta enfatizando a continuidade do serviço para os clientes. A Financial Technology Association, um grupo do setor que inclui a Plaid, respondeu com forte crítica à tendência mais ampla.
"Introduzir pedágios proibitivos é anticompetitivo, anti-inovação e vai contra a leitura clara da lei", Penny Lee, CEO da Financial Technology Association, disse à CNBC. "Esses acordos não são o mercado livre em ação, mas sim grandes bancos usando sua posição no mercado para capitalizar sobre a incerteza regulatória. Instamos a administração Trump a manter a lei mantendo a proibição existente de taxas de acesso a dados."
Considerações Finais
Os acordos do JPMorgan estabelecem uma estrutura comercial para o acesso a dados bancários que poderia remodelar as relações entre instituições financeiras tradicionais e empresas fintech. O resultado depende em parte de como o CFPB revisará as regulamentações de open banking sob a administração atual.

